quarta-feira, 30 de abril de 2008

Fusíveis

Não acredito em filosofias do senso comum, o que não quer dizer que não reconheça infinita estupidez numa loira. Não pela cor dos cabelos, mas por fazer aquela expressão de mira técnica com um apito contínuo de fundo, enquanto tenta perceber que a Fuga de Bach não se trata de uma escapadela do compositor de um cativeiro qualquer.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Planeta mistério

Tenho um telemóvel de cinquenta euros com máquina fotográfica e na minha máquina fotográfica de dois mil euros não encontro um único botão para fazer chamadas.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Título

Tenho esta cisma de procurar palavras que signifiquem mais do que se lhes pode exigir. Andava eu debruçado em contentores de dicionários, gramáticas e prontuários da língua portuguesa, à procura de já não me recordo bem de quê, quando esbarrei com este vocábulo latim que traduzido à letra quer dizer, encadeamento, ligação, entrosamento. Bem depurada e utilizada em contextos específicos, esta palavra pode tomar dimensões excepcionais passando a significar, cidade, frase, projecto, sociedade, enfim, pode designar tudo o que represente um conjunto organizado. Esta palavra que descobri escreve-se assim: Plexu

domingo, 20 de abril de 2008

Efeito martelo

Este post existe só para empurrar os posts anteriores um bocadinho mais para baixo.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Branco

Após um período de hibernação involuntária e de dois posts manifestamente mal escritos, regresso ainda meio adormecido para dizer rigorosamente nada. Na verdade este post poderia estar em branco, não fosse a necessidade absurda de o justificar

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Mais crise e mais versatilidade. Uma criatividade arrasadora

Lentamente, o bairro onde vivo transforma-se num cenário Blade Runner. À loja de mobília que começou a vender todo o tipo de tralhas para salvar o negócio, junta-se agora a inédita ideia de se abrir uma cyber-mercearia onde podemos comprar legumes, enviar e-mails, repor os stocks de arroz, falar com os amigos no msn, encher sacos de fruta, escrever no blog...

Domingo no lixo

A todos os pontos de recolha de resíduos para reciclagem acrescentava-se o Tempão; um buraco onde se despejaria todo o tempo desperdiçado e mais tarde se convertia num sucedâneo de momentos reutilizáveis.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Ensaio sobre Murakami I

Foi preciso proibir os portugueses de fumar dentro dos cafés para que se enchessem as esplanadas em dias com temperaturas abaixo dos vinte graus – estranha iluminação esta ao fim de quase um milénio de existência. Inevitavelmente a memória escorrega-me para as concorridas esplanadas de Sevilha apetrechadas com aquecedores e mantas de lã durante os Invernos gélidos de céu limpo, onde vejo agora três portugueses que dialogam sobre as sociedades ocidentais contemporâneas e o Brazil do Terry Gilliam. O de Lisboa interrompe a conversa e informa os outros que sonhou que ia ser enterrado vivo pelo próprio pai, o de Viseu ri-se e o do Algarve pede mais uma caña. Ao mesmo tempo em Lisboa, os utentes das esplanadas enchouriçados nos kispos fumam SG’s.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Lisboa-Alverca em 30 segundos

Hoje é um daqueles dias em que um guarda-chuva se transforma facilmente num pára-pente.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

O senhor tomou banho hoje? Ora levante os bracinhos por favor

Embriagado por esta obsessão de controlo dos hábitos dos portugueses posta em pratica pela ASAE, sugiro que se inspeccione o odor emanado pelos utentes dos transportes públicos – há dias que começam mal por causa do cheiro nauseabundo da pessoa que se senta ao nosso lado. Haverá algum aparelho que meça o odor? Ou bastará um inspector de nariz impecavelmente arranjado e com excelentes conceitos teóricos sobre o que deverá ser o cheiro exemplar do cidadão lavadinho, para aceitar ou vedar a sua entrada no transporte?

Crise e versatilidade

Vivo numa zona antiga de Lisboa onde o comércio tradicional ainda tem alguma expressão. A uns trezentos metros de minha casa, do mesmo lado da rua, há uma loja que vende mobília de quarto e sala de estar. Há uns meses atrás este Ikea de bairro colocou na montra um disjuntor eléctrico usado à venda por pouco mais de vinte euros. Agora, junto da referida peça foi acrescentado um cartaz escrito a marcador encarnado onde se pode ler: Vende-se betoneira com pouco uso

sábado, 5 de abril de 2008

Maldita cerveja nacional

Esta noite sonhei e acordei com uma versão alemã da Machadinha. São seis da tarde e o raio da melodia ainda a espicaçar-me os miolos à laia de Kraftwerk.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

La Palices do volante

Estou neste momento a atravessar a estrada numa passadeira. Avanço dois passos e percebo que o carro não vai parar. Paro eu, olho o condutor nos olhos e invariavelmente recebo de volta um aceno a avisar que não parou - Obrigadinho pá!