Meteorologia olfativa

Os ventos de sul trazem o mau tempo, a Siderurgia Nacional, a Lisnave, a Quimiparque e outros ares infectos que deixam Lisboa a tresandar a Almada.

Nativo Alternatal

As renas comem o Pai Natal, cozido, com couve portuguesa e batatas.
O peru anda perdido na Lapónia, disfarçado de pinguim.
O bacalhau está internado, numa clínica veterinária.

Gato Colorido

Para que o Rucas seja cor-de-laranja, basta pintar uma laranja de preto.

A caminho do esquecimento

A 14 de Dezembro de 1503 nasceu Nostradamus. Agora, 505 anos depois, ainda nos lembramos dele por causa do rol de disparates que escreveu.

A 14 de Dezembro de 1972 nasceu um filho da minha mãe que aqui escreve um rol de disparates diferentes dos de Nostradamus. Ainda assim podemos classificá-los como disparates. Em 2513 ninguém se lembrará dele.

Metamorfoses

Dirigindo-se para mim, o puto da loja fazia valer todo o seu paleio comercial para me vender a mala.

Veja, o material é muito bom. É feita de...

Assim que vi as reticências a saírem-lhe da boca a meio da frase, apenas tive tempo de perceber que seria bom não ouvir o que estava para vir.

...é feita de kispo

Há momentos da erudição alheia que exigem de mim um esforço suplementar para manter a postura. Com a mão esquerda ajeitei a barba por fazer há dois mil e quatrocentos anos, rodei depressa sobre as sandálias fazendo esvoaçar a túnica em círculo e de frente para a assembleia inquiri:

Ó Platão, já viste este fedelho a chamar kispo a um polímero termoplástico? Como é que explicas isto?

The Space Between

Ken: Sentes-te Amado?
Carlos: Não. Hoje sinto-me Filiano.
Rodrigo: Shhh! Oiçam o violino do cigano.

Prova de vida...

...de quem anda meio morto

Gafe

Pedir ao próprio pai para ir à Bertrand ver se consegue encontrar "O Rei Édipo" de Sófocles que aparentemente está esgotado em todo o lado.

Planeta dos Macacos II

Para reforçar a ideia do post anterior convém esclarecer: Too leite my friend, não é a mesma coisa que, Demasiado milk meu amigo. Arrotemos uma vez mais porque a lactose não é para aqui chamada.

(Acreditem que isto começa a fazer muito sentido para mim. Na pior das hipóteses acabo a explicar isto a alguém no Miguel Bombarda)

Fraldário

Estas calças da moda, que prolongam o rabo num saco flácido até o meio das pernas á laia de grande reservatório de cocó, deixam os putos suburbanos a andar como os pinguins. Sempre achei que as tendências da moda deveriam procurar a simplificação. É obvio que não percebo nada de moda.

São Martinho em Lisboa

Campo de Ourique cheira a castanhas, dizia eu quando era miúdo. Já em idade adulta, descobri que esse perfume não era mais do que o resultado da azáfama do crematório do cemitério inglês.

Moro relativamente perto do cemitério do Alto de São João. Hoje quando saí de casa cheirava a Campo de Ourique.

A estética do sono

Aquela expressão de balão que vai rebentar. Os olhos a saltar das orbitas e na boca a tristeza duma tragédia grega. Um bocejo reprimido não é coisa bonita de se ver.

É tudo uma questão de adeus

Vive-se um estranho histerismo em todo o mundo, quase a roçar a imbecilidade; Agora vai valer a pena viver neste planeta, a crise vai acabar, o Afeganistão, o Iraque e o Irão vão ser invadidos pela paz e pelo amor. Se bem me recordo, um histerismo semelhante ao que se viveu quando Bill Clinton venceu as eleições em 1992 substituindo o velho Bush na Casa Branca. Se bem me recordo o mesmo Bill Clinton que acabou a largar bombas em plena Europa. Não se trata de quem lá vem, mas sim de quem não fica.

O paradoxo da criação artística

"A arte desenvolve-se através da reflexão da arte e sobre a arte anterior"
George Steiner

Supondo que podíamos desconstruir toda a arte produzida até hoje, com base neste raciocínio chegaríamos ao paradoxo do primeiro acto criativo; o que terá impulsionado este acto se não havia arte anterior?

As operadoras telefónicas agradecem

Breve transcrição de um diálogo em sms que ocorreu hoje entre a meia-noite e a meia-noite e meia:

V: [...] Estou no atelier e vou para casa. Enjoado de fazer EPS's
Eu: EPS's??? Empadas de Pato Sabichão?
V: Entremeada de Perdiz Scalabitana!
Eu: Ah, tenho disso aqui aos quilos
V: Essa perdiz é protegida, como arranjas tantas? Essa espécie tem problemas na desova: 95% dos ovos são perdidos porque sempre que vai por o ovo, da-lhe vontade de cagar. O ovo incrusta-se no cocó e quando a perdiz vai a ver não está lá nada - apenas vê o cocó e pensa que afinal não foi o ovo que saiu. O que faz com que o ciclo se repita.

Natureza táctica

Substituição ao tricentésimo segundo dia de 2008: Sai Zéfiro e entra Bóreas. É o último esforço para dizimar o país com um vendaval.

Terra de ninguém

Fica na zona da traqueia, mais ou menos entre a maçã de Adão e as clavículas, naqueles que por infelicidade capilar não sabem se a barba lhes desceu ao peito ou se os pelos do peito lhes invadiram a cara. É nessa terra de ninguém que a decisão tem que ser tomada. Um simples laminar define onde um começa e o outro acaba.

Colega nova

Nova mudança de lugar no local de trabalho, nova companhia. Mesmo atrás de mim, passa todo o dia num desassossego, entre estremecimentos e desabafos que debitam informação, maldita máquina de fax.

Reclamação

Hoje chegou a conta da electricidade, mas nem por isso me sinto mais iluminado.

Basta

Daqui a cem anos, quando críticos, historiadores e analistas olharem para este blogue, vão dizer sobre os últimos três posts, Esta é sem dúvida a sua fase mais Júlio Isidro.

Mensagem de esperança

Depois da tempestade vem o Bonanza. Os outros cowboys ficam no bar a beber uísques e o Júlio só vem depois de comer o bifinho todo.

Conselho

Ó Júlio, se queres parecer um grão-de-bico tens que comer mais bifes pá!

Hipótese

Se o Júlio Isidro fosse gordo, seria um grão-de-bico.

Textografia

Imagine-se num local público muito movimentado, de pé, os braços abertos como um cristo, a boca cheia de água e o nariz apontado para o céu. Agora emoldure essa imagem e coloque-a na parede da sala. Se um dia eu for a sua casa e encontrar esta situação imaginada, ficarei a saber que andou por aqui a ler o meu blogue.

Aplauso

Raras vezes me atrevo a elogiar um artista, após um breve e primeiro contacto com o seu trabalho, como fiz com Peter Raacke. A simplicidade com que o design das suas peças revela um significado e uma utilidade, sobrepôs-se imediatamente à minha natureza desconfiada.

Homem bomba

Berlim, 29 de Setembro de 2008. Às 5:45 da manhã, um homem come seis salsichas chumbadas no controlo de segurança do Aeroporto de Schoenefeld. Até hoje, que se saiba, o homem ainda não explodiu.

Desvalorização de calorias

No Grupo Desportivo do meu bairro não se pratica desporto, a não ser que se considere a Sueca a feijões. Não tenho a certeza se é jogada a feijões ou a pensões. Será possível fazer-se uma Pensoada à Transmontana?

Bill Gates, seu grande trapalhão!

Procuro no dicionário do Word uma palavra equivalente a dicas. Com uma eficácia casual e avassaladora o programa responde, sem sugestões.

Renovação

O mundo não é redondo porque o conhecimento não se materializa numa forma geométrica. Mesmo assumindo que o saber se limita à superfície terrestre, encontramos na esfericidade do planeta e no seu movimento de rotação a prova cabal de que a humanidade é centrifugada para a rotina. Esta rotina só será quebrada no dia em que a Angelina Jolie usar o cabelo à Paulo Bento.

A estreita relação entre o cinema e a gastronomia

O meu gato confidenciou-me que não gosta de cinema chinês. Se os chineses comessem pessoas eu também não gostaria dos filmes deles.

Lembrete

Ir ao banco trocar as miudezas do porco por 120€

Tangas do século XX

Dizem os cientologistas que só conhecemos 11% do nosso cérebro. Pode dizer-se o mesmo invertendo a matemática afirmando que desconhecemos 89% do nosso cérebro. Como é que é possível quantificar o que não conhecemos com esta exactidão percentual?

Incomunicação

Pergunto-lhe se os seus murmúrios e gemidos ofegantes resultam de dor ou de prazer, mas como sempre ela não responde. Nunca conseguirei compreender esta máquina de café.

Memória de elefante morto

Aconteceu há uns dois ou três dias, ou melhor, acho que foi há um mês e tal, que um tipo chamado Augusto Vicente, ou Aucente Vigusto não me recordo bem, na sua habitual deambulação de bebedeira nas ruas da Penha de França ou da Pança de Espanha ou lá como chamam ao bairro, virou-se para um homem, sim tenho a certeza que era um homem, e disse qualquer coisa como Vá de metro senhor Tomás, ou terá sido Vade retro Satanás?

A genese Woodstock e a erudição a cores

Foi à revelia das regras da investigação científica, em Agosto de 1962, que Warren Thomas, então director do jardim zoológico de Oklahoma, tomou a iniciativa de injectar 297 miligramas de ácido lisérgico num elefante com mais de três toneladas, numa tentativa infundada de controlar "manadas problemáticas". Em menos de uma hora, o infeliz paquiderme jazia morto para que o "cientista" pudesse concluir, Parece que o maior animal terrestre é muito sensível ao LSD, acrescentando ainda que não adivinhava tal desfecho depois de ele próprio ter experimentado várias vezes o referido ácido em dose 3000 vezes inferior.

Manadas problemáticas de homens como Warren Thomas, continuam por controlar.

Prevenção

O melhor remédio para as dores de cabeça é: não beber uma dezena de cervejas, meia garrafa de vinho e dois mojitos.

O senso comum a dividir por todos dá muito pouco a cada um.

Hoje, no caminho de regresso a casa, apanhei três coxos e nenhum mentiroso. Comprova-se assim que os mentirosos são mais rápidos do que os coxos e que o povo só diz asneiras pela voz do senso comum.

Cortador de relva amarelo

Aquela sensação de entrar numa porta conhecida e dar de caras com um espaço totalmente estranho, será uma sensação de desamparo semelhante à de ler um post que nada tem a ver com o título. Sinto-me bem na matéria negra da blogosfera.

Carta Aberta

Exmo. Sr. Ministro das Finanças

Se me está a ler, lembro-o de que ainda me deve umas centenazitas de euros relativos ao reembolso do IRS. Agradeço cumprimento atempado, já que não disponho de meios para penhorar os bens do estado de modo a compensar a Vossa falha.

Sem outro assunto

Mais um contribuinte a arder

Dístico capilar

Nos filmes japoneses o vilão usa sempre bigode. É uma técnica de comunicação utilizada pelos realizadores para evitar equívocos do género, O mau é o tipo de olhos em bico

Breve exemplo de free jazz proverbial

Se Maomé não vai à montanha, a montanha vai ao Maomé. Se a montanha não vai ao Maomé, vai o Maomé parir um rato. U montato rariu am panha, montomé vai maomir rum ato, se o maomanha rarir um pato.

(Té udo quma estão re ditmo)

Gato adoentado

Está o Rucas há dois dias a vomitar bolas de sabão, depois de ter bebido água com gel de duche.

Post sério, Momento de elevação gramatical

Desculpe, a senhora disse indicará-lhe? Como é que isso se escreve? Será Indie Caralhe, o festival de cinema independente de um lugar comum?

Realidade inútil

Se as pessoas fizessem mel como as abelhas, o mundo seria muito mais pegajoso.

(com)prova

Com esta frase, confirmam-se as minhas suspeitas de que as ideias não derretem com o calor.

Divagações de um louco

"Não acha o doutor que a enfermeira Helena é uma vaca, ou serão aquelas manchas apenas um problema de pigmentação da pele? Na verdade pouco importa, desde que ela faça o seu trabalho como deve ser e não largue bostas no corredor. "

Delírios de quem está cheio de fome e ainda não lanchou

A interminável variedade de sandes que o Sr. Júlio tem no seu snack-bar. O Sr. Júlio diz chnack porque é do interior norte e revira os olhos para cima enquanto procura no cardápio da memória, “Ora temos sandes de queijo, fiambre, mistas, com manteiga, sem manteiga, chóuriço”

Não costumo tirar aquele fiozinho de gordura do fiambre. Do chouriço tiro sempre o acento do “o”. Chouriço com acento no “o” devia merecer honras de “x” no lugar do "ch" e dois “s” em vez do “c” cedilhado, o “u” podemos comê-lo já porque não serve para nada – xórisso.

Escuta telefónica

Não Sr. Primeiro-ministro, não há cirurgia que lhe endireite o nariz. Podemos fazer um transplante e substitui-lo pelo rabo de um gato que temos aqui…

H ! ~

Gosto de posts pequenos. Para os conseguir vou depurando as frases e as ideias até à sua essência. Agora que exagerei neste processo, o resultado é um H, um ponto de exclamação e um til.

Cereja no topo da cabeça

Alguém sabe para que serve e como se chama aquela pintinha encarnada que os indianos usam no meio da testa? Eu não sei e enquanto permanecer neste estado de ignorância vou continuar a denominá-la por Pintinha encarnada que os indianos usam no meio da testa.

Na Rua Morais Soares em Lisboa há uma loja de indianos que vende electrodomésticos e roupa juvenil. No meio das máquinas de lavar, dos ecrãs de plasma e das torradeiras, estão agora dois pequenos manequins infantis com traços de Buck Rogers e uma pintinha encarnada no meio da testa.

Fragilidade

Estou apenas a 62ºC da evaporação.

National Geographic

Noto uma certa tendência minha para utilizar aqui algumas imagens retiradas de colegas de trabalho. São apenas observações inocentes que me distraem das rotinas do dia-a-dia. Não sou pessoa que goste de cortar na casaca dos outros, mas por outro lado, o meu feitio atento não me deixa ficar indiferente às repetidas passagens de um cachalote do interior alentejano com uma franja loira em riste.

Arroz de “seralhe”

Lembro-me sempre de um peixe qualquer cada vez que oiço a minha colega ao telefone a informar: “O documento será-lhe enviado por correio”

Experiência

Será que o cão de Pavlov apita se acenarmos um pouco de comida a uma campainha?

Eu cheiro o teu almoço e tu ouves a minha música, estás a perceber ó meu ganda cão de Pavlov?

Tenho um vizinho que me empesta a casa com cheiro a peixe grelhado sempre que está bom tempo ao fim de semana. Cá do segundo andar, vejo-o a chinelar entre o quintal e a sua casa com pratos de fanecas e pimentos. Quase sempre decido irritá-lo com a melhor selecção de free jazz que tenho para lhe condicionar a refeição. Será que ele saliva se ouvir a música fora das refeições?

Ervilhas

No dia em que o mundo acabar vou desconfiar que foi uma colega minha que o engoliu.

O fardo de uma herança

O filho do Roberto Leal há-de chamar-se sempre Filho do Roberto Leal.

Dúvida existencial

Serão os suinos e os marrecos resultado do cruzamento entre marroquinos e suecos?

Bronze

Regresso de férias e verifico que já não tenho aquele tom de pele branco esverdeado que se ganha no Inverno à custa de muita falta de sol. O resultado de uma semana e meia de boa praia traduz-se agora para um raro verde-escuro.

1 cêntimo cada desejo

No meio do jardim há um pequeno lago com uma fonte em forma de estrela. Através da água turva consigo ver o fundo coberto de moedas. Levo a mão ao bolso, encontro uma moeda de dois cêntimos e de olhos semi-serrados formulo os meus desejos: "Quero manter a presença de espírito necessária para continuar a acreditar que um desejo não se realiza desta maneira... e já agora gostava de conseguir tirar aquela moeda de dois euros no fundo do lago sem ser apanhado pelo segurança. Dáva-me jeito para pagar meia hora de net no hotel."

Pequenos detalhes...

Felizmente, para a ciência e para a humanidade, Isaac Newton não se sentou debaixo de um coqueiro em certo dia de inspiração.

Desenho

Desço oito degraus, viro à direita e desço outro lance de oito degraus, desço mais e mais, sempre virando à direita em lances de oito degraus, até que chego a uma porta. Entro e dou por mim no terraço do edifício. Maldito Escher não devia desenhar mais prédios.

Férias

Período de tempo na vida privada das pessoas em que a preguiça é sociamente aceitavel.

Tempo II

Eu: Este tempo anda esquisito...
Rucas: É verdade, passa muito devagarinho!

Tempo I

Duas palavras para descrever o tempo em Lisboa nos últimos dias: T-Shirt e Galochas.

Perco a vergonha...

...e confesso aqui que acabei de ver o Rambo 4.

Reminiscências desenquadradas

Dou uma moeda ao arrumador do parque e uma parte de mim fica sempre à espera do som do sino. Por outro lado, quando era criança e dava uma moeda ao elefante no zoo não esperava que ele guardasse o carro do meu pai.

A relatividade dos feitos e das distâncias

Neil Armstrong caminhou na lua, mas aposto que nunca pôs os pés em Torres Vedras. Acrescento ainda para provar a minha superioridade que, a minha mãe é de Torres Vedras e a dele de certeza que não é da lua.

feijoada_transmontana.scf

Inventava-se um formato de ficheiro que comprimisse aromas – seria um Smell Compressed File. Depois era só fazer upload para o Ipod, enfiar os auriculares no nariz e viver o stress do dia-a-dia com o cheirinho do campo.

Referência

Estava eu no Campo Pequeno, agachado a cagar atrás de uma árvore e com uma bola de ténis na boca, quando vi passar o autor do Plexu blog. - Memórias de um cão qualquer

Três frascos para iniciar uma colecção

Grito a palavra afecto para dentro de um pequeno frasco e fecho a tampa de imediato. De seguida, faço o mesmo com as palavras humor e conceptual. Alinho os três recipientes na estante da biblioteca com as respectivas etiquetas: afecto/afeto, humor/umor, conceptual/concetual. Começa assim a minha colecção de palavras moribundas. Daqui a uns anos abro os frascos e oiço o que resta delas.

Sinais de provincianismo

Costumo estar atento aos movimentos das pessoas na rua. Hoje recebi a recompensa desta minha postura: descobri que há quem buzine aos pombos no meio da estrada.

Metamorfose

Um pequeno ajuste no meu horário de trabalho obriga-me agora a sair da cama a horas impróprias para um ser humano que se deseja saudável. Num ápice, transformei-me numa coisa andante que vive na fronteira da realidade com a fantasia.

Música de elevador

Elevador com música ao vivo. Bateria, clarinete e contrabaixo. Limite de peso excedido.

Por favor utilize as escadas.

Pantomina

Dar, é muito mais do que um acto altruísta, é também o egoísmo que nos permite levar para casa a satisfação de ter feito alguém mais feliz.

Longe da vista

Sonhei esta noite que tinha ganho um concurso de pisa-papéis. Levava um balão de hélio para pisar a papelada toda no tecto do escritório.

Fusíveis

Não acredito em filosofias do senso comum, o que não quer dizer que não reconheça infinita estupidez numa loira. Não pela cor dos cabelos, mas por fazer aquela expressão de mira técnica com um apito contínuo de fundo, enquanto tenta perceber que a Fuga de Bach não se trata de uma escapadela do compositor de um cativeiro qualquer.

Planeta mistério

Tenho um telemóvel de cinquenta euros com máquina fotográfica e na minha máquina fotográfica de dois mil euros não encontro um único botão para fazer chamadas.

Título

Tenho esta cisma de procurar palavras que signifiquem mais do que se lhes pode exigir. Andava eu debruçado em contentores de dicionários, gramáticas e prontuários da língua portuguesa, à procura de já não me recordo bem de quê, quando esbarrei com este vocábulo latim que traduzido à letra quer dizer, encadeamento, ligação, entrosamento. Bem depurada e utilizada em contextos específicos, esta palavra pode tomar dimensões excepcionais passando a significar, cidade, frase, projecto, sociedade, enfim, pode designar tudo o que represente um conjunto organizado. Esta palavra que descobri escreve-se assim: Plexu

Efeito martelo

Este post existe só para empurrar os posts anteriores um bocadinho mais para baixo.

Branco

Após um período de hibernação involuntária e de dois posts manifestamente mal escritos, regresso ainda meio adormecido para dizer rigorosamente nada. Na verdade este post poderia estar em branco, não fosse a necessidade absurda de o justificar

Mais crise e mais versatilidade. Uma criatividade arrasadora

Lentamente, o bairro onde vivo transforma-se num cenário Blade Runner. À loja de mobília que começou a vender todo o tipo de tralhas para salvar o negócio, junta-se agora a inédita ideia de se abrir uma cyber-mercearia onde podemos comprar legumes, enviar e-mails, repor os stocks de arroz, falar com os amigos no msn, encher sacos de fruta, escrever no blog...

Domingo no lixo

A todos os pontos de recolha de resíduos para reciclagem acrescentava-se o Tempão; um buraco onde se despejaria todo o tempo desperdiçado e mais tarde se convertia num sucedâneo de momentos reutilizáveis.

Ensaio sobre Murakami I

Foi preciso proibir os portugueses de fumar dentro dos cafés para que se enchessem as esplanadas em dias com temperaturas abaixo dos vinte graus – estranha iluminação esta ao fim de quase um milénio de existência. Inevitavelmente a memória escorrega-me para as concorridas esplanadas de Sevilha apetrechadas com aquecedores e mantas de lã durante os Invernos gélidos de céu limpo, onde vejo agora três portugueses que dialogam sobre as sociedades ocidentais contemporâneas e o Brazil do Terry Gilliam. O de Lisboa interrompe a conversa e informa os outros que sonhou que ia ser enterrado vivo pelo próprio pai, o de Viseu ri-se e o do Algarve pede mais uma caña. Ao mesmo tempo em Lisboa, os utentes das esplanadas enchouriçados nos kispos fumam SG’s.

Lisboa-Alverca em 30 segundos

Hoje é um daqueles dias em que um guarda-chuva se transforma facilmente num pára-pente.

O senhor tomou banho hoje? Ora levante os bracinhos por favor

Embriagado por esta obsessão de controlo dos hábitos dos portugueses posta em pratica pela ASAE, sugiro que se inspeccione o odor emanado pelos utentes dos transportes públicos – há dias que começam mal por causa do cheiro nauseabundo da pessoa que se senta ao nosso lado. Haverá algum aparelho que meça o odor? Ou bastará um inspector de nariz impecavelmente arranjado e com excelentes conceitos teóricos sobre o que deverá ser o cheiro exemplar do cidadão lavadinho, para aceitar ou vedar a sua entrada no transporte?

Crise e versatilidade

Vivo numa zona antiga de Lisboa onde o comércio tradicional ainda tem alguma expressão. A uns trezentos metros de minha casa, do mesmo lado da rua, há uma loja que vende mobília de quarto e sala de estar. Há uns meses atrás este Ikea de bairro colocou na montra um disjuntor eléctrico usado à venda por pouco mais de vinte euros. Agora, junto da referida peça foi acrescentado um cartaz escrito a marcador encarnado onde se pode ler: Vende-se betoneira com pouco uso

Maldita cerveja nacional

Esta noite sonhei e acordei com uma versão alemã da Machadinha. São seis da tarde e o raio da melodia ainda a espicaçar-me os miolos à laia de Kraftwerk.

La Palices do volante

Estou neste momento a atravessar a estrada numa passadeira. Avanço dois passos e percebo que o carro não vai parar. Paro eu, olho o condutor nos olhos e invariavelmente recebo de volta um aceno a avisar que não parou - Obrigadinho pá!

Idade

Aos cabelos brancos, às rugas na pele, às constantes dores musculares, ao cansaço prematuro e a todas as conhecidas formas de envelhecimento, acrescento o estranho interesse por uma meia-final do campeonato do mundo de Curling entre o Japão e o Canadá.

Nacionalidade e primos

Durante muito tempo achei que a minha nacionalidade não era mais do que um equívoco geográfico de cerca de 250 km. Hoje, depois de ter descoberto os laços de afinidade que me ligam a um recém-descoberto familiar, fiquei com a certeza que o meu equívoco geográfico é de anos de luz.

As coisas que passam nas entremoleiras dos críticos de cinema

Volto à aritmética. As contas de hoje são simples: em 40 criticas de cinema de jornais diários e semanais, pontuadas de 1 a 5 em forma de estrelinha, contei 83 pontos, o que dá uma média de 2,075 por cada filme.

Conclusão: os críticos portugueses não gostam de ir ao cinema.

Luzboa

Nova Iorque tem a Brodway, Tokyo é o centro mundial da alta tecnologia, Paris é a capital do romantismo, Budapeste tem as mulheres mais belas do mundo e Lisboa tem... uma luz muito bonita!? Em que é que se transforma este farrapo de atracção quando se faz noite na cidade?

Mal agradecidos

Por mais que tente, não consigo convencer os meus vizinhos de que a música ouvida em altos decibéis é um acto de altruísmo e não um incómodo.

Undercover Agent

Não gosto de falar aqui sobre actualidades. Para isso já existe uma imensa blogosfera carregada de Marcelos Rebelos de Sousa e Migueis Sousas Tavares. No entanto, a propósito desta recente macacada do to pierce or not to pierce, sinto-me na obrigação de achar publicamente que a A.S.A.E. não só anda na boca de toda a gente, como aparentemente vai passar a andar também nas partes mais íntimas. Assim, antes de colocar a sua roupa interior para lavar, sacuda-a bem e verifique se não está lá nenhum inspector.

Diário de um hipotético enfermeiro

Querido diário,

Regressa o mau tempo e regressam ao hospital os pacientes de olhos arrancados por varetas de guarda-chuva.

Breve aritmética de algibeira - Equação I

Em Portugal cerca de 500 mil homens sofrem de disfunção eréctil. A esses corresponderão 500 mil mulheres (perdoem-me a objectividade heterossexual das contas). Este milhão de pessoas corresponde a cerca de 15% da população sexualmente activa. A origem de muitos dos problemas do país pode residir no facto de sermos um povo assustadoramente mal fodido.

Um jantar muito agradavel

Este post é o melhor que consegue parir um espírito toldado pelo consumo excessivo de vinho na noite anterior.

Breve exercicio de criatividade abstrata aplicada a problemas comlpexos

PROBLEMA: Num breve texto coloque George W Bush e Bill Clinton no mesmo plano.

SOLUÇÃO: Numa cartolina de três metros quadrados deitam-se o George e o Bill. Passa-se um cilindro de oito toneladas e já está; espalmadinhos no mesmo plano. Se algum deles mexer, passar o cilindro de novo.

Colega II

Tenho outra colega de trabalho que usa um reluzente aparelho nos dentes. Sempre que o seu sorriso revela todo aquele metal, fico com vontade de lhe fixar ímanes nas bochechas para segurar lembretes de afazeres para o dia seguinte.

Colega

Tenho uma colega de trabalho com ar de inglesa; cabelo ruivo, cara redonda e tom de pele rosáceo. Cada vez que a vejo apetece-me beber uma Guiness.

Flor de Laranjeira

Para muitos a flor de laranjeira é sinal de união e matrimónio. Para mim é apenas um sinal de alergias, espirros, ranho e primavera. Ao matrimónio associo mais o arroz.

Vapores

Recordo-me vagamente num qualquer conto de Woody Allen, uma certa personagem frustrada por se encontrar no posto de trabalho mais distante da janela, onde o ar lhe chegava já respirado pelos colegas. Recentemente vi-me envolvido numa batalha para mudar de lugar no local de trabalho, por razões semelhantes. Agora instalado bem perto da janela, tenho à minha direita uma colega que tresanda a qualquer coisa que ainda não percebi o que é. Novas guerras se avizinham.

Numa pastelaria de Campo de Ourique

A gritar para dentro do telemovel, "E o gajo vem ou não? Ora esse merdas. Chama-lhe português que ele fica todo fodido. Pois olha, quando me chamam a mim pelo menos fico pensativo". Na mesa do canto um turista com cara de What the fuck am I doing here acaba por perguntar a si próprio, "Que coño hago aqui?"

Oferece-se terreno

Será assim, com o mesmo ânimo leve com que a nata da União Europeia entrega o Kosovo à populaça albanesa que por lá habita, que Portugal acabará por oferecer o Algarve aos ingleses.

Introdução escusada

Não é um blogue político. Também não é um blogue de cultura, nem é um blogue de intervenção social. Agora que já sabemos o que não é, basta-nos esperar e vê-lo a tornar-se em qualquer coisa, porque na verdade ainda não é nada.